A igreja tem uma grande comissão. A proclamação do evangelho e o discipulado que ensina devem estar na alma da igreja. Portanto, tanto a evangelização quanto o ensino, fazem uso da comunicação. A comunicação no século XXI está atrelada a tecnologia mais avançada, sendo um meio eficaz para transmitir mensagens das Boas-Novas. A tecnologia é um grande potencial pouco explorado pelas igrejas evangélicas brasileiras.
É óbvio que ninguém pode simplesmente depender da tecnologia, como se ela por si mesma pudesse levar o evangelho a alguém. Estamos aqui discutindo um meio evangelístico e kerigmático, mas não o fim para tudo. A única dependência na evangelização e ensino é da graça do Senhor. Agora, isso não impede de buscarmos meios para comunicarmos o evangelho de forma que todos possam ouvir e entender.
Algumas tecnologias são caras, logo nem todas as igrejas podem comprar um “data-show” com um grande telão. Algumas congregações até podem, mas a visão restrita da liderança impede que possam alcançar êxito na implantação tecnológica. Infelizmente, uma liderança equivocada e mesquinha impede todo tipo de progresso. Portanto, é imprescindível o total apoio da igreja com os seus líderes nesse processo.
Por que usar a tecnologia?
Por que usar a tecnologia se o cristianismo sobreviveu dois mil anos sem internet e data-show? Ora, só mesmo quem não pensa para fazer indagações desse tipo. É claro que o cristianismo sobrevive em qualquer situação, logo não estamos discutindo a sobrevivência do cristianismo no século XXI, mas sim os meios de comunicação para transmitir as mensagens cristãs.
Ora, como Deus se revelou a toda humanidade? Será que foi por intimáveis sonhos e visões? Deus tem dado sonhos proféticos para cada um dos seis bilhões de moradores dessa terra? É claro que não! Deus se revelou por meio de um livro! Sim, Deus usou um meio de comunicação para mostrar quem Ele é. Deus usou a Bíblia, essa pequena biblioteca de 66 livros.
Agora, infelizmente existem aquelas pessoas que são contra uso de esboço no sermão; imagine então o uso de esboço da pregação em um “data-show”? Precisamos aprender que nossa sociedade é imagética, portanto o uso de um “data-show” na pregação ajudará as pessoas a entenderem a mensagem.
Estamos no século XXI! Acorde!
Sim, a mensagem do cristianismo jamais poderá ser alterada para agradar aos ouvidos pós-modernos, mas a antiga mensagem da cruz precisa chegar nesses ouvidos, e chegará a muitos deles por meio da tecnologia. Portanto, acorde, estamos no século XXI e todo o mundo está antenado. Então, nunca esteve tão fácil evangelizar e ensinar como hoje! Pense nisso!
Fonte: https://teologiapentecostal.blogspot.com
Outro dia li um comentário que achei muito interessante. A autor começava lembrando que Moisés, o autor dos primeiros cinco livros da Bíblia, viveu cerca de 3.500 anos atrás, enquanto que o grande pregador John Wesley, fundador do metodismo, cerca de 250 anos antes de nós. O autor provava que Wesley, na sua forma de viver, estaria mais próximo de Moisés do que de nós. Wesley seria capaz de entender muito melhor o mundo em que Moisés viveu do que a civilização de hoje, embora nós estejamos muito mais próximos dele no tempo.
É evidente que vivemos num mundo em que o avanço da tecnologia é cada vez mais veloz. Eu me lembro que, cerca de trinta anos atrás, quando construímos a obra de Itaipu, ainda considerada uma das maiores da história, não tínhamos fax, computador pessoal e nem Internet, somente telefone, rádio e calculadora de bolso.
Mas, quando refletimos nesse avanço, não percebemos que a tecnologia transforma não somente o mundo em que vivemos – através de estradas, redes de energia elétrica, redes de telecomunicações, agricultura mecanizada, etc – mas principalmente a forma como nos comportamos. Por exemplo, experimente tirar de uma adolescente seu celular inteligente e/ou seu acesso à Internet e ela vai se sentir uma pária social, enquanto eu vivi minha adolescência muito bem sem nada disso.
Um exemplo interessante dessa mudança de comportamento dentro das igrejas tem como origem o uso, hoje largamente difundido, de retroprojetores para mostrar em tela o texto bíblico em foco. Isso está fazendo com que as pessoas deixem de levar consigo suas Bíblias pessoais para a igreja. Conheço pastores que, inconformados com essa situação, não deixam projetar o texto bíblico em tela, para incentivar as pessoas a carregarem suas próprias Bíblias. Mas essa é uma causa perdida – é lutar contra a maré.
Agora é importante lembrar que as pessoas somente começaram a ter exemplares pessoais da Bíblia nas primeiras décadas do século passado, pois antes as Bíblias eram muito caras e só estavam disponíveis nas igrejas. No máximo, as pessoas tinham acesso a panfletos, com extratos da Bíblia. Portanto, a prática das pessoas lerem a Bíblia em conjunto foi a tradição da igreja cristã por cerca de 1.900 anos de história, até que cada um passou a ter seu próprio exemplar. E agora, por conta do retroprojetor, estamos voltando à condição original - passando de uma leitura individual para uma leitura coletiva. E isso é bom ou ruim? Eu não sei dizer. E fica claro que a discussão sobre as vantagens do uso de novas tecnologias não é tão simples assim - é preciso tomar cuidado para não rejeitar coisas novas apenas por saudosismo.
Outro exemplo muito interessante desse tipo de desdobramento. Muitas pessoas hoje se queixam do isolamento que os dispositivos eletrônicos pessoais geram na vida das pessoas - os contatos estão deixando de ser diretos (face a face ou por telefone) e passando cada vez mais a serem virtuais.
No início do século passado, à medida que o telefone se tornava comum nos Estados Unidos, a mesma preocupação existiu. Há uma série de artigos no New York Times e outros importantes jornais da época alertando para o perigo de se trocar o contato face a face pela conversa via telefone. E como hoje falar ao telefone é algo tão entranhado na nossa cultura, ninguém mais se preocupa com isso.
Voltando mais ainda no tempo, esse mesmo problema pode ser notado no próprio relato bíblico. O apóstolo João em duas cartas datadas de cerca de 1.900 anos atrás, indica claramente lamentar ter que recorrer a textos escritos - a tecnologia para comunicação disponível na época - para se comunicar com os fiéis (2João capítulo 1, versículo 12 e 3João capítulo 1, versículo13).
Portanto, o mesmo receio que temos das consequências da tecnologia sobre as pessoas hoje, foi aquele que existiu um pouco menos de cem anos atrás, quando o telefone se fez presente e 1.900 anós atrás, quando as cartas passaram a ser usadas de forma corriqueira. É claro que a rapidez da mudança tecnológica hoje torna essa preocupação mais aguda, mas a origem do receio - as mudanças causadas às vidas das pessoas - é a mesma.
Não há como parar o progresso tecnológico e também não há como impedir que as novas tecnologias afetem a forma como vivemos e como as igrejas funcionam. O mundo que temos diante de nós é esse que está aí e não dá para pedir que o “ônibus” pare, para podermos saltar.
É claro que nem todas as tecnologias contribuem para o bem das pessoas. Algumas tornaram nossa vida francamente pior (p. ex. a bomba atômica), enquanto outras resolveram problemas mas também criaram dificuldades (p.ex. o carro nos deu liberdade para deslocamento mas gerou engarrefamento de trânsito e aumentou a poluição urbana). Eu mesmo já escrevi neste blog alertando para o perigo que algumas tecnologias podem representar e os cuidados que precisamos ter com elas (ver mais).
Mas há exemplos de uso altamente positivo de novas tecnologias. Por exemplo, dois anos atrás um pastor apareceu com um câncer muito agressivo. E sua igreja se mobilizou em oração, para ajudá-lo a enfrentar essa dificuldade terrível. Um dos membros teve uma ideia brilhante: comprou um beep (instrumento que apita quando alguém o aciona) para o pastor carregar consigo e combinou com os demais membros que, quando cada um fizesse uma oração pelo pastor, acionasse o beep. E assim, dia e noite, o pastor foi sendo avisado, por inúmeros apitos, que sua comunidade estava com ele. Aquele pastor acabou curado e testemunhou que a força de que precisava para enfrentar sua batalha diária veio daqueles beeps constantes que chegavam até ele.
Se quiser continuar a ser relevante no mundo em que vivemos, a igreja cristã vai ter que se adequar ao uso das tecnologias e não criar resistências desnecessárias a elas. Existe um grupo religioso – os amish – que vive se recusando a aceitar os avanços tecnológicos e eles se tornaram irrelevantes para o mundo moderno.
É preciso que a igreja cristã veja a tecnologia como um meio para atingir um fim. Meios podem ser ruins ou bons, segundo as consequências que gerem e se concorrem ou não para se obter o fim desejado. E é isso que precisa ser sempre analisado com cuidado. Postada pelo Pr. Nonato Pinheiro 17/06/2013